Hoje eu contei para uma amiga um fato que aconteceu há quase um ano...
Muitas vezes tomamos atitudes que podem nos parecer certas em um primeiro momento e acabamos por, depois, ter que assumir as consequências de uma maneira que pode, facilmente, fugir ao nosso controle. Quando eu trouxe a Xuxa para casa, levei-a ao veterinário, que constatou que ela tinha todas as costelinhas fissuradas de um lado, provavelmente porque fora vítima de um chute forte, ou algo assim.
Pois bem... cheguei em casa e dei graças a Deus pelo fato de não haver ninguém em casa. Fui na obra ao lado e peguei um sarrafo de madeira. Cortei-o de forma que se tornasse um bom porrete. Escondi embaixo do casaco e fui lá na obra onde a peguei, disposto a fazer justiça com as próprias mãos.
Tentava me controlar, mas a revolta me consumia, e eu sabia que ia fazer uma merda daquelas grandes, que transbordam. Estava totalmente consciente de que não estava agindo de acordo com as regras impostas pela sociedade, ou pelos ensinamentos sobre o certo e o errado ditados pelos meus pais.
Eu era um justiceiro, disposto a vingar as atrocidades cometidas contra um animal inocente e, nessas horas, desde criancinha, perco o freio. Pois bem, perguntei pelo cara, e ele não estava lá. Tinha partido para outra obra naquele dia mesmo, mais cedo...
Um crente diria que "Deus escreve certo por linhas tortas". Um ateu como eu, que acredita que a religião é a grande muleta para a fraqueza humana, diria que o cara deu sorte, e eu também. Ele, porque teria umas costelas fraturadas para se preocupar enquanto estivesse na fila do hospital público, e eu porque teria que dar um jeito de não ir preso...
Vida que segue.
Posso compensar com todo o amor que houver nessa vida para um cachorro, o fato de não ter podido vingar a dor de um animal que passou cinco, seis anos sendo torturado. Mas não posso fazer o torturador pagar com sangue, porque a sociedade não permite o Código de Talião.
Abraços a todos!
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