De vez em quando me pego achando que sou privilegiado. Ou melhor, as pessoas acham que trabalhar em casa é um privilégio, porque não se precisa dirigir para ir trabalhar...
Eu acordo às 6 horas da manhã. Em dias normais, obviamente, porque sempre pode haver um fator alheio à minha vontade que me faça levantar da cama às 5, ou às 4 da matina.
Se o Buticus começar a latir e eu perceber que há motivo, com certeza vou levantar e olhar pela janela. Se ele insistir, vou ter que dar uma geral, porque se tem uma coisa que meu fiel viralata não faz é latir a toa.
Pois bem... levanto da cama às 6 em dias normais. E subo para trabalhar. Costumo descer para tomar café por volta das 8 e meia, e aí já trabalhei 2 horas e meia, em um horário em que as pessoas que acham moleza trabalhar em casa estão dormindo. Tomo café - um shake de proteínas - em 10 minutos. Brinco um pouco com o Gabriel e volto ao trabalho. Dou uma parada ao meio dia, pego um sol, caio na piscina (também sou filho de deus), almoço e, se não tiver nenhuma reunião e nenhum trabalho para o dia, tento jogar 2 horinhas de tênis. Volto umas 15h e trabalho até às 21h, fazendo pequenos intervalos para "puxar um ferro" no escritório mesmo. E, depois dessa jornada, mais um shake de proteína, com uma bananinha...
Quantas horas trabalhei? Mais de 10 horas. Não tenho uma jornada burocrática, afinal não sou e nem quero ser funcionário público.
Minha mulher fica puta quando marco uma reunião com meus programadores na piscina. É um tal de Ipad em cima de toalha, notebook em cima de bóia (louvado seja o wi-fi), e os projetos vão fluindo. O Giraffone (site de e-commerce do Giraffas - www.giraffone.com.br) foi concebido na piscina. O Manekineko, se fecharmos, também será. Mas o que as empregadas vão achar? Sinceramente? Foda-se! Eu é que pago seus salários, portanto, se o dinheiro sai da piscina, da sala ou do escritório, é problema meu. E assim se vive!
Estando em casa, acompanho o desenvolvimento do meu filho. Vi da primeira vez que ficou em pé, dei o primeiro banho de piscina, acompanhei os primeiros passos sem apoio. Rio com ele, choro com ele, porque estou presentes em todos os momentos importantes da vida do garoto. Tudo isso porque tenho o privilégio (ou não) de trabalhar em casa.
Obviamente fazer isso não é apenas uma escolha, mas uma necessidade. Não tenho, de maneira geral, paciência para conviver com pessoas todos os dias. Não quero ter que discutir a minha criação com elas, fazer brainstorm, alterar meus projetos porque o fulano não gostou da cor, ou o cicrano não quer esta ou aquela letra. Minha relação é direta com meus clientes. Crio sozinho e apresento minha criação, que quase sempre é aprovada.
Vejo amigos reclamando que estão muito atolados, fazendo 3, 4 projetos de uma vez. Eu faço 20, 25 projetos ao mesmo tempo, gerenciando meus cronogramas de forma a nunca perder um prazo e a nunca deixar alguém sem resposta. E controlo tudo isso com lápis e papel.
Criei, há muitos anos, essa maneira própria de trabalhar, que funciona para mim, sustenta minha família... mas tem desvantagens, como não poder fazer uma viagem longa por exemplo. Já resolvi pepinos para clientes até do hall do hotel em Fernando de Noronha... Mas não posso me queixar, afinal comecei minha carreira com muito pouca ajuda, em uma família onde viver de arte era, digamos assim, o fim da picada.
Para um fazendeiro gauchão, um cara desenhando é meio que viadagem. Mas quem quer saber de gaúchos? Eu só gosto das gaúchas, e seus sotaques cantados...
Escrevi tudo isso porque estou sem sono e o filme que eu estava vendo é tão piegas que desisti. O do Ônibus 174. Fala sério... A mulher ia de Kombi dar comida para os moleques, que ficavam fortinhos para assaltar. Só largando o dedo mesmo.
Ah, e ainda dá tempo para ler antes de dormir. TV quase não vejo. Não tenho saco. Em novembro li a biografia do Agassi. Em dezembro, o livro que originou o filme A REDE SOCIAL. Agora estou lendo A BÍBLIA DO MAGENTO.
Abraços a todos. Vou descer, pois o Buticus está latindo...
Comentários