Viver a vida

Eu tinha uma reunião agora à tarde. Desmarquei. Preguiça e falta de tempo podem ser uma mistura complicada. O fato é que hoje ainda tenho que trabalhar em vários projetos: Blog da Duby Novak, e-commerce da Sophia Gomes, e-commerce da Del Sol, site da Carvalhão, PHMar, Animall... fazer 3 propostas... muita coisa para pouco tempo. Tenho que pedalar 16 km para ver minha mãe, saber se meu carro novo chegou na concessionária, pagar contas pela internet, malhar, descansar, buscar o Gabriel na escola, dar banho, colocar as fraldas e depois, ser papai até a hora em que a mãe vai chegar do trabalho... Chamo isso de VIVER A VIDA. Muitas pessoas não sabem viver, não conseguem gerenciar o seu tempo de maneira adequada, não conseguem entender que a felicidade pode estar ali pertinho, mas seu modo mau humorado de viver a vida cria uma barreira intransponível. Eu decidi, há alguns anos, morar na roça. Não aquela roça desprovida de recursos, com estradas de terra batida e luz de lampião, mas um bairro afastado do burburinho, onde posso encontrar, em meu caminho para a civilização, vacas pastando, gaviões caçando e um ou outro passarinho colorido, diferente do que os urbanistas sonham. Trabalho em casa. Fazer isso não me isenta da responsabilidade de acordar às 5 e meia da manhã e iniciar uma jornada que só vai terminas 13, 14 horas depois. Ninguém me obriga a trabalhar tanto. Faço isso porque quero que meu filho estude em uma boa escola, tenha os brinquedos que os coleguinhas tem, ande de carro novo e more em uma casa com piscina. Trabalho em um sótão. Sonho infantil. Eu sempre quis ver o jardim por uma daquelas janelinhas pequenas, e ter um teto todo recortado, revestido de madeira, em um espaço que fosse como um quarto de brinquedos de adulto. Aqui tenho meus Macs, meus livros, bonecos e fotografias. Meu material de desenho, minha arte, meu sustento e minha diversão. Aqui passo mais de 50% de minha vida. No sótão. Na roça. Vivendo a vida que idealizei em meus sonhos de criança. Quando eu era pequeno, pensava que poderia morar em uma fazenda, viver cercado de bichos e fazer do desenho a minha profissão. Pensava em ter um filho e em criar esse filho amando os animais e as plantas, rindo, tratando todas as pessoas como iguais e irradiando felicidade. Pensava em ser feliz. Os sonhos se realizam. Moro na roça. Vejo bichos diferentes - como um porco-espinho - no muro de casa. A mulher da minha vida está do meu lado. Meu filho corre pelo jardim e faz uma dancinha para a lua. Meus cachorros, adotados em abrigos, correm com ele e tomam o maior cuidado para não derrubá-lo. Minha arte me permite viver bem e ainda ensinar voluntariamente os velhinhos da casa de repouso onde minha mãe mora. Mamãe desenha e fica orgulhosa do filho que ensina. Tenho 15 alunos da terceira idade e também um garoto de 12 anos do qual me orgulho de ver desenhar. A vida tão simples é boa... Fui. Daqui a uns meses eu volto para escrever mais alguma coisa! Abraços a todos. E se quiserem falar comigo, estou no Facebook!

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