Há alguns anos eu estive duro. Duro, sem grana, sem poder comprar as coisas que estava habituado a comprar, morando em um apartamento que não gostava, em um lugar que não gostava, e recém divorciado.
Sempre fui um cara sonhador.
Não acho errado sonhar, desde que você sonhe com coisas possíveis. De nada adianta sonhar com o inalcançável, pois fazendo isso você terá inúmeras frustrações na vida. Eu sonhava com uma casinha amarela. Lembrei disso noutro dia.
A casinha dos meus sonhos era uma foto do Google. Uma casa amarela, com grama na frente, uma varanda com aqueles bancos de madeira de demolição e uma pequena piscina. Portas de vidro, dois andares e um projeto meio Brezinski, meio Mestre de Obras. Telhado de telhas de cimento e talvez um lugar que pudesse ser transformado em escritório. Via vasos com plantas e uma rede balançando. Imaginava uma criança em sua bicicleta, cachorros, e um cheirinho de churrasco.
Hoje moro em uma casa laranja. Repleta de vasos com plantas que eu mesmo cuido. Uma piscina ensolarada, e uma rede pendurada. Dois cachorros viralatas, adotados e felizes. Um sótão que, além de escritório, é sala de ginástica, atelier e oficina. Um projeto meio Brezinski, meio Mestre de Obras. Bancos de madeira de demolição onde a família se reúne nos fins de semana. Uma criança rodopia com seus patinetes, e a mulher que eu amo sorri para mim, olhando pelas portas de vidro.
Sinto cheiro de churrasco...
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