15/01/2022
Estava aqui vendo uma série na Netflix, chamada Virgin River, e lembrei da Heloisa Raso. No final de 2018, fiz parte da cenografia para uma exposição de Ikebanas Sanghetsu feitos por crianças, na Igreja Messianica da Barra.
Heloísa era dessas mulheres que arregaçam as mangas:
chegou com uma mala de viagem, com máquinas de furar, tico-tico, uns 10 tipos de fita, ferramentas, arrebitadores...
Tirei os tênis (Luciano sendo Luciano) e comecei a trabalhar.
Umas duas horas depois entrou um cara com um bebê bem pequeno, em um carrinho. Foi até o altar, rezou, abaixou a cabeça e chorou, de forma bem disfarçada. Depois ele veio até mim e perguntou se eu precisava de ajuda. Quando olhei em seus olhos, vi alguém transtornado. Dei umas tarefas para ele, e o bebê ficou no carrinho, de frente para o cenário. Ele trabalhou, solícito, durante horas.
Uma semana depois Heloísa me ligou, com aquela objetividade que lhe era peculiar, e falou:
“_Você salvou a vida daquele rapaz!"
_Eu não fiz nada, apenas vi que ele estava transtornado e convidei-o a ajudar. A arte tem esse poder de acalmar as pessoas...
“_Ele está lá com a gente. Tinha sido abandonada pela mulher, viciada em crack, e entrou na Igreja para deixar o bebê. Ia se matar!”
_Você me emocionou agora...
“_Quando você estendeu a mão para ele, ele percebeu que não estava sozinho no mundo. Era só disso que ele precisava, de uma mão...”
_Não fui eu, foi a energia daquele lugar...
“_Ele disse que desistiu de se matar quando você disse que tinha um filho, e que ser pai era a coisa mais importante da sua vida...”
_E é...
A grande verdade é que, ao menos uma vez na vida, todo mundo precisa de uma mão estendida. Fazer o bem, sem olhar a quem. Um bom fim de semana para todos!
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