Quando eu era pequeno, a preguiça fazia parte de mim. Evitava correr, no máximo andava rápido. Mas tinha uma mania, me vestir de gaúcho (a indumentária completa, botas de cano alto, bombachas, faixa na cintura, camisa, lenço e chapéu), e era dessa maneira que eu ia para o jardim, cedinho, perturbar os bichos.
Nesse dia de intenso aprendizado eu estava com minha corda de laçar, feita de couro trançado, encerada, como devia ser. E o bode estava calmamente pastando a grama do campo de vôlei.
Lacei seu pescoço e comecei a gritar e a dar pequenos puxões na corda:
_Te peguei! Te peguei!
Até que percebi que ele estava sem coleira. Olhei em seus olhos, ele retribuiu o olhar, e veio com tudo!
“_ Ó bode, pára, pára!”, gritava a Leiria, minha babá…
Em segundos ele já estava na minha cola. Desci a escada de pedra correndo e ele, de cabeça baixa e “sangue nozóio”, pulou todos os degraus. Senti o vento em meu traseiro, e vi a salvação, a porta dos fundos…
Entrei e subi as escadas da cozinha gritando. E o bode veio atrás. Me tranquei na despensa, com os olhos arregalados… e nesse dia aprendi a correr!
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