OUTRO IRRITANDO LUCIANO BOITEUX

 06 de novembro de 2017


De vez em quando escrevo um "irritando". Ontem uma amiga, Carla Jardim, perguntou se eu tinha parado com os textos. Não, não parei de me estressar com a estupidez dos seres que me cercam, apenas ando sem muito tempo para escrever.


Hoje o dia começou especial. Acordei, levei o Gabriel na escola... tudo dentro da normalidade de uma segunda-feira. Pedestres andando pelo meio da rua, apesar de existir uma calçada. Nunca entendi muito bem esse hábito ridículo aqui da roça. Famílias inteiras andam lado a lado, crianças pequenas trafegam no meio da pista como se não houvesse amanhã. Se fizerem isso na Gávea, morrem na primeira tentativa...


E a Gávea? Esculhambaram o bairro no qual morei durante 37 anos. O ar interiorano sócio-cultural elevado não existe mais. 


Apesar dos teatros, dos atores e atrizes, as pequenas lojas do bairro pouco existem. A Gávea's House (lembrei de mamãe agora) se foi. A papelaria Jockey Club também não existe mais. Barbearia Coelho's? Também não. Saí de lá há quase onze anos. Foi na hora certa. Fico extremamente irritado com carros indo para todos os lados, pedestres alucinados, falta de opções para estacionar e buzinaços. Odeio buzina!


Aqui não ouço buzinas, mas a quantidade de imbecis por metro quadrado é enorme. Hoje uma mulher pedalava na estrada, com uma criança pequena no quadro e outra na cadeirinha. Ao lado da ciclovia. Aqui na Estrada dos Bandeirantes, em cerca de cinco anos de ciclovia, já há um histórico de mortes de ciclistas, sempre pelo mesmo motivo: a pessoa passa para a rua a fim de evitar o sobe e desce das entradas de garagem. E morre atropelada!


E o vizinho que ouve música aos berros? Encontrei agora, no meu papo matinal na portaria, pós volta da escola do Bola, a Priscila, que mora em frente à casa dele. Após reclamar em uma reunião de condomínio, ouviu da esposa do cara:


"_Meu marido gosta muito de música!"


Véi, eu também gosto muito de música aos berros. Por isso trabalho de fone, para não encher o saco da Flávia. Música é algo particular de cada um. Saiba que o evangélico que ouve - e canta - músicas de louvor aos berros e acha que está reverenciando Deus, Jesus ou ambos, está, de verdade, enchendo o saco dos que estão à sua volta. E tem uns 2 ou 3 aqui nas proximidades.


É como o vizinho maconheiro. O cara fuma à noite, e o cheiro atravessa a fronteira do muro, e da minha paciência. Há quem goste, mas acho cheiro de maconha horrível. Me irrita. Lá na Artur Araripe eu tinha um colega de andar maconheiro. Devo ter chamado a polícia umas 30 vezes. Nada como um profissional para resolver problemas...


Mas é isso. Tolerância zero. Voltando da escola do Gabriel, me deparei, na ponte, com um ciclista na contramão, um motoqueiro tentando ultrapassar pela esquerda e um fusquinha de frente, desviando de uma carroça. Se eu fosse um carro desses modernos, que não têm condutor, qual seria seu critério? Quem a inteligência artificial escolheria para morrer, levando em conta que meu carro estava a uns 60, 70? No Brasil esse carro jamais vai "se criar", pois será como Christine - o carro assassino.


Eu freiei, empurrei o motoqueiro para o lugar dele, mesmo com a buzininha a todo vapor. Tirei do ciclista(afinal, ser imbecil não o qualifica para ser morto por mim), passei raspando pelo Fusca, que quase matou o cavalo só para voltar para a pista. E segui meu caminho. É foda!


E, para piorar, lembrei do "manja rola". Fui ver Thor Ragnarok. Não é meu tipo de filme preferido, não gostei de ver o Thor perder a capa, um olho, o cabelo e a dignidade, e fui fazer um xixi. Havia um gordinho barbudo parado no mictório, "manjando" os caras que iam satisfazer suas necessidades fisiológicas do tipo 1. É muita viadagem!


Mas, certo de ter escrito mais um bom "irritando" e prestes a encerrar o texto, vi, de rabo de olho, um gato em cima do meu muro. Gente, por que as pessoas que tem gato não os mantêm em suas casas? Por que tenho que conviver com os animais dos outros? Alguém vai ficar satisfeito se eu deixar meu cachorro, minha sucuri, meu carcará ou meu porco na área comum do condomínio?


Tinha um amigo, Toninho, taxista na Gávea, que criava porquinhos-da-índia em seu quintal. Eram 400m2, com grama, tocas, corredores. Um super ambiente para os bichos. Ele não os vendia, não os comia... pelo contrário, amava muitos aqueles bichinhos. Um dia um gato de um vizinho entrou lá é matou vários filhotes. Ele reclamou com o dono e o cara disse que preá bom era preá assado. Fez um churrasco do gato e mandou para o "tutor", com um bilhete: "Meu gosto é diferente do seu". Toninho era tolerância zero.


Mas era um cara legal. Queria ser respeitado. Eu também quero que meus vizinhos impeçam que seus gatos matem passarinhos e lagartixas em meu quintal. É possível?


Bom dia a todos!

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